Dizer que o mundo é grande, que existe oportunidade e que o sol nasce para todos, e que a vida é boa e viver é bom; isso é muito fácil! Difícil é para quem vive num mundo pequeno como eu e ver a grandiosidade desse mundo tão falado.
Meu mundo é muito pequeno. As oportunidade nunca existiram. O sol nunca nasceu para mim de verdade. E por isso minha vida não é boa, a vida que levo e o meu viver não é bom. Boa é a vida em si, pois é o bem mais precioso que existe aqui nesse planeta. Tudo gira em torno dela, para ela e por ela. Nada existe nesse mundo sem a vida. A vida é a consciência de cada ser humano.
Eu vejo tudo isso e sinto tudo isso do meu minúsculo mundo. Pequeno e sem graça. Sem oportunidade. Onde o sol que brilha é para secar a terra, que já não é tão fértil, deixa o solo seco, estorricado, onde semente não nasce e as que foram persistentes conseguiram nascer, deram plantas mirradas, quase sem folhas, de pequenos galhos e poucas flores, e quase não dão frutos, porque dependem de uma gota de orvalho da noite para sobreviverem.
O sol que bebe a agua dos açudes, seca os rios, lagoas e riachos, morrem os peixes e toda vida aquática; que aos poucos vão definhando a cada dia até não haver mais uma gota e rachar os seus fundos.
Assim eu imploro teu sorriso. Uma faísca que seja do brilho de teus olhos. Um escutar do pulsar de teu coração acelerado por mim, pelo menos por uns segundos. Tudo isso não passa de um sonho sonhado, ou um verso mal feito, num papel rasgado, jogado num canto qualquer -e colhido por mim- por alguem que não sabia que um pedaço simples de um papel inútil poderia servir para escrever um belo poema.
E nesse mundo pequeno e obscuro, enclausurado, soco os muros de minha solidão, nos momentos angustiantes e aflito de minha paca existência. Para pelo menos servir como um desabafo, onde grito, a mim mesmo e a ninguém mais, que eu existo.
=Pedro Aruvai=
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