Contos, textos, ensaios... Pedro Aruvai

segunda-feira, 2 de maio de 2011

MAIO ME FEZ LEMBRAR OS INVERNOS.



Maio chegou e a chuva que caiu na manhã lembrou-me o inverno.

O inverno na fazenda!

Lembrou-me o campo.

As folhas molhadas das plantas.

O cheiro da terra subindo as narinas.

Lembrou-me a chegada do inverno, quando se via a paisagem do campo mudando.

Moradores da fazenda marcavam roçados.

O mato era roçado com foice.

Mato roçado era encoivarado.

O mato secava se ateava fogo nas coivaras.

O fogo queimava o mato e no lugar que o mato era queimado, a terra ficava preta.

Era tempo de se plantar as sementes na terra!

Aí se plantava sementes de jerimuns e de maxixis.

A terra ficava mais nutrida no lugar que o mato era queimado.

As plantas nascidas nesse lugar cresciam mais que as outras.

Cresciam mais bonitas!

As folhas eram mais viçosas!

As ramas do jerimunzeiro se espalhavam, com suas folhas arredondadas e grandes.

O maxixeiro também espalhava suas ramas.

Plantava-se sementes de quiabo nos aceiros do roçado.

Fazia-se as covas com a enxada, jogava-se as sementes nas covas cavadas e fechava a terra com os pés.

As covas para se plantar as sementes do milho eram mais fundas.

Junto às sementes de milho se plantava sementes de favas.

No meio das carreiras de milho se plantava sementes de feijão.

No meio das carreiras de feijão se plantava sementes de algodão.

E todas sementes nasciam felizes!

Misturadas e tão diferentes!

Era bonito ver a terra rachando e as sementes brotando.

Formigas haviam aos montes!

Construíam formigueiros enormes!

O mato florava e havia uma enormidades de flores, o campo ficava colorido e as flores dançavam ao passo do vento, que passava rasteiro, brincando com as folhas e carregando das flores seu perfume misterioso.

Passarinhos cantavam se escondendo no mato.

O cardeiro florava, uma flor gigante e linda.

A flor do cardeiro parecia um fruto!

Mas não se podia tirá-la, estava protegida pelos enormes espinhos.

As vezes o rio enchia.

Riachos, córregos e poços.

Quando a chuva era mais forte!

Quando o rio secava ficavam poços fundos e bancos de areia.

Nos poços os peixes ficavam presos.

Nos bancos de areia crianças brincavam, enquanto as mães batiam roupas nas pedras.

Nos roçados as plantas cresciam.

O feijão já florava.

Pequenas vagem vingavam quando as flores caiam.

Insetos apareciam aos montes.

De todas as cores e todo tamanho.

As vagens cresciam até que chegava o tempo de colhê-las.

O milharal brotava pendões e pequenas bonecas.

O algodoeiro era o ultimo a florar.

Flores grandes e bonitas, amarelas e vermelhas.

Colhia-se o milho verde, algumas espigas deixava-se para secar, e dobrava-se os pés para a fava mais se encorpar.

A fava crescia se enramando sobre os pés do milharal com suas folhas grandes, depois flores, depois vagens.

E quando chegava o tempo da colheita do algodão, as plantas já estavam quase todas amareladas, já havia sido feita quase toda a colheita do roçado; agora se embranquecia, era o algodoeiro abrindo seus capuchos.

Corria-se ao roçado para colhê-lo.

Chegava-se ao fim o circulo das colheitas.

O inverno havia chegado ao fim.

Sementes eram guardadas em latas e garrafas de vidros, tampadas com cuidado para não dá bicho, pois seriam as sementes que seriam plantadas no inverno do ano seguinte.

Outro inverno se esperava.

Porque o inverno era a estação mais importante do ano!



"MAIO ME FEZ LEMBRAR OS INVERNOS."

Autor: PEDRO ARUVAI

[02 de maio de 2011]